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Preconceito e falta de acessibilidade atingem deficientes em Guarapuava

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Preconceito, falta de acessibilidade e falta de inclusão social. Estes são os principais problemas levantados pelo Conselho Municipal dos Deficientes de Guarapuava (COMDEG) e que dificultam o dia-a-dia dessa parcela da população guarapuavana.

De acordo como censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizado ainda em 2000, já que o de 2010 ainda não tabulou esse dado, cerca de 31 mil das pessoas que vivem no município possuem algum tipo de deficiência. Mesmo assim a acessibilidade deixa a desejar.

“Temos dificuldades de acesso em todos os locais: banheiros públicos, logradouros, agências bancárias, escolas, lanchonetes. Na Universidade temos dificuldade desde a entrada até a biblioteca. Não há respeito”, afirma o presidente do COMDEG, Renilson José Kliber, que possui deficiência visual. “As escolas não estão preparadas para receber o deficiente, embora tenha havido uma certa evolução. Até pouco tempo o cego era apenas um ouvinte, mas era aprovado no final do ano”, afirma

Atravessar a rua, estacionar um veículo também são barreiras que evidenciam a falta de inclusão social.

“As vagas reservadas para deficientes em estacionamentos que existem na cidade não são respeitadas até mesmo por familiares. Há quem usufrua da vaga sem estar acompanhado por um deficiente, como há aqueles que não estão nem aí e deixam o carro estacionado o dia inteiro tirando a vaga de quem precisa”, observa. De acordo com Renilson, atravessar uma rua movimentada também é empecilho. Além dos semáforos não serem adaptados para deficientes, principalmente, os visuais, há falta de respeito por parte dos motoristas. Luana é mãe de Lorenzo, cadeirante, e por pouco os dois não foram atropelados quando atravessavam a faixa de pedestres.

Os obstáculos surgem também no mercado de trabalho. A Lei de Inclusão Social, aprovada em 2004, obriga as empresas com mais de 100 funcionários a ocupar de 2% a 5% das vagas com deficientes. Mas esse tipo de inclusão, de acordo com o Conade (Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência Física), esbarra em algumas dificuldades para o deficiente.

Segundo o presidente do conselho, Alexandre Carvalho, dentre os maiores obstáculos que os deficientes enfrentam, estão o preconceito por parte dos colegas de trabalho, a necessária adaptação de ambientes de trabalho, como rampas e alargamento de portas, e a dificuldade de comunicação com pessoas cegas e surdas. Segundo Renilson Kliber, outra realidade é a falta do cumprimento da lei.

CONSCIENTIZAÇÃO

Para conscientizar a população sobre os problemas que atingem as pessoas que possuem algum tipo de deficiência o Conselho Municipal dos Deficientes está planejando dois eventos diferenciados. O primeiro, que deverá acontecer em 19 de novembro no Calçadão da Rua XV de Novembro pretende mostrar as ações feitas pelas várias entidades que congregam esses cidadãos. “Vamos levar o Coral da Apadevi e mostrar que somos pessoas capazes de executar qualquer atividade. Queremos acordar as pessoas, pois tem muitas que nem sabem que existem cegos na cidade porque não olham”, diz Renilson.

Outros eventos estão sendo programados para envolver as faculdades de Guarapuava. “Queremos promover debates, buscar ações que nos tirem da invisibilidade social”, diz.